domingo, 30 de junho de 2013

UMA INFÂNCIA DIGNA DE ZECA!

Como havia dito no último post, conheci uma estranha criatura e depois de uma grande confusão - causada por mim - descobri que ele tinha um blog pessoal. Mesmo com um excesso de coisas da faculdade pra fazer e outros problemas pessoais, resolvi investigar a vida de Zeca, que não se chamava Zeca, mas o nome real guardarei apenas para mim.

Zeca nasceu de uma gravidez indesejada. Os pais já tinham uma filha que era modelo, manequim, boa em porcentagem, enfim, uma insuportável que já detesto. O casal vivia em constantes brigas. De manhã um bate-boca, na tarde umas agressões, e no período noturno algumas coisas eram quebradas... Tudo isso combinado com palavrões que deixariam qualquer atriz pornô constrangida. Assim que descobriu a nova gravidez da mulher, o pai de Zeca tornou-se alcoólatra e a irmã começou a dar indícios de "garota problema". Fizeram de um tudo para a criança não nascer, porém ele era um feto anarquista e somente quando os pais aceitaram o fato da sua existência é que ele decidiu morrer, enrolou-se no cordão umbilical e dificultou o parto.

Passou seus primeiros meses numa creche. A mãe era uma mulher que vivia na correria, não era raro esquecer de buscar o filho. Certa vez levou a criança errada, ou seja, corre o risco de que Zeca não seja quem pensamos que é. Não demorou muito e os avós pediram a guarda da criança. A felicidade durou somente oito anos, pois os avós decidiram mudar-se para o interior. Zeca viu seu mundo cair e, desesperado, trancou-se na geladeira. Ficou doente, quase morreu, mas o idiota não imaginava que os avós tinham planos de carregá-lo para a fazenda. Ele fez as malas e partiu, lindo, sem olhar pra trás.

Não foi fácil se acostumar com o campo, as pessoas riam do seu jeito de falar, andar e também de se vestir. Tinha cinco namoradinhas, mas nenhuma delas sabia disso, na verdade o chamavam de "bichinha", mas ele não parecia se importar, não na frente delas.

Aqui devo comentar que a vida de Zeca era muito feliz e blablabla. Ele era muito bonzinho e entediante, daqueles que sofrem por amores platônicos, escrevem em diários e assistem Chiquititas, acho que Zeca merecia ser chamado de bichinha.

Para agitar essa música da Sandy, vou expor alguns podres que descobri: Zeca não era tão santinho e, mesmo nadando em dinheiro, adorava furtar coisas alheias; ele escondia tudo na cueca, o que lhe dava um doentio volume. Certa vez roubou 15 livros do colégio, uma vingança por ter ficado de castigo. Na sexta-série bateu na melhor amiga, na oitava, acidentalmente tirou sangue de um japonês gordinho. Ele sofria bullying (sem saber o que é isso) e se vingava de todos secretamente.  Quem desconfiaria dele? Um menino doce, que mora com os avós e dança Xuxa, só pode ser duas coisas: Mal caráter ou bichinha... Se bem que...
Aproveitando pra divulgar esse Tumblr que é muito maravilhoso: http://criancaviada.tumblr.com/

sábado, 22 de junho de 2013

O Zeca

Isso aconteceu numa sexta-feira. Estava um calor infernal. Veja bem, eu AMO calor - fruto da minha infância no Paraná, onde o frio era tanto que me obrigava a usar duas calças. Mesmo morando no bairro mais quente do Rio de Janeiro - que não direi o nome por medo de assaltos, cobranças e testemunhas de Jeová - aquela temperatura estava acima do normal... Meu suor estava suando!

Estava reclamando da vida, das pessoas, de mim e do mundo, quando avistei uma estranha criatura. Parecia um duende, porém como duendes não existem, ele era apenas um rapaz baixo, muito baixo, tão baixo quanto minha autoestima naquele dia. Foi quando o meu telefone tocou e me fez esquecer da vida, ou seja, me atrasei mais uma vez para um compromisso importantíssimo.

Disparei em busca de um transporte, mas eles só existem quando não precisamos. Subi as escadarias da estação de trem, milhões de pessoas horrorosas e com gosto muito duvidoso para vestimentas, aquilo me chateou, mas eu não tinha tempo de fazer caras feias. Tudo parecia uma gincana do Faustão, eu tinha que correr e me desviar dos feios, saltar as crianças, desfazer os casais e chegar ao meu destino. Já sentia o gosto da vitória quando um obstáculo me derrubou. TROPECEI NO ANÃO.

As pessoas riam, apontavam, tinha uma velha ridícula me filmando... Era esse o meu final? Me tornar um viral da internet? Uma Inês Brasil sem peitos? Sem pensar duas vezes eu puxei o rapaz pelo braço, entramos no trem e, antes da porta fechar, eu mostrei o dedo do meio para todas aquelas pessoas fracassadas. Sempre quis fazer isso, desde que assisti Titanic sozinho na sala de cinema.

Aquela figura desgraçada parecia não demonstrar nenhuma reação aos fatos acontecidos e isso era muito estranho, uma vez que o puxei sem nem saber se ele precisava pegar aquele trem, talvez tenha lhe puxado por compaixão, ou apenas queria algo mais ridículo para desviar atenção.

Perguntei seu nome, mas a voz era tão baixa que me fez desistir, por isso o batizei de Zeca, não me perguntem o motivo. Até estava bem vestido e nem feio era, na verdade achei um pouco parecido comigo, ou até mais bonito que eu.... Não, Zeca era lindo! Tentei puxar assunto mais uma vez, sem sucesso, o máximo que captei é que ele possuía um blog pessoal. Já gostei.

O trem parou e, inesperadamente, ele desceu. Sem nada dizer. Sem nada olhar. O mal educado nem se despediu. Nunca mais nos vimos.

O que restou foi um cartão com o endereço do blog. Zeca não era tão invisível assim... Ele nem se chamava Zeca.