sábado, 25 de abril de 2009

CAP 7 – Da Comédia ao Drama! (Alice no país do Pop®)


O sol brilhava, feliz e agradável, enquanto um vento safadinho, brincava de levantar saias de moças distraídas, como a saltitante Alice, que descia, alegremente, a rua. Em sua mochila em formato de coelho felpudo, levava a matéria que mudaria sua vida, e em sua cabeça enfeitada com laçarote cor de rosa, guardava todos os detalhes do momento loucura que acabara de viver na casa do Cara.

A praça era tão colorida quanto uma história em quadrinho dos anos 90. Separados por uma velha e imunda mesa de madeira, um casal um tanto quanto obscuro, tomavam chá. Bem, não dava para afirmar que aquilo era um casal, na verdade nem pareciam pessoas reais.

O Homem era alto de mais, magro em excesso e com a cabeça pequena demais para usar o chapéu coco, que lhe tapava os olhos. Olhava, sonhador, para uma xícara vazia; trazia no rosto uma expressão de eterna felicidade.

A Mulher era baixa e robusta. Usava tranças mal-feitas no cabelo e uma velha saia negra, estilo bailarina. Ela mexia, incansavelmente, o que parecia ser um bule enferrujado; em seu rosto transparecia uma mistura de fúria e tristeza.

Pareciam artistas mambembes de algum circo, falido, dos horrores, com suas vestimentas em tons pretos, brancos e cinzas. As xícaras, bules e pratos, estavam completamente vazios. Pelo jeito, por muito tempo.

De repente, algo inesperado acabava de por um fim na rotina da tão estranha dupla.

Alguém, saltitante, passava pelo casal.

Ainda em choque pelo que havia vivenciado, Alice continuava seguindo seu caminho, porém um chamado tomou-lhe a atenção. Se o berro não tivesse sido tão esganado, jamais teria percebido que a praça colorida tinha outros ocupantes.

O homem sorridente, acompanhado da mulher de cara fechada, seguiu até Alice. Sem nada dizerem, carregaram-na até a mesa do chá.

Pareciam amigos de infância. A mulher, mesmo sem sorrir, pareceu agradável, quando obrigou Alice a sentar numa cadeira dura e sem encosto.

O homem, alucinadamente, gritava: “Hora do Chá! Hora do chá!”, enquanto dava giros ao redor da mesa.

Tudo era muito sujo e medonho. Alice ficaria amedrontada, se a cara de felicidade que o homem esbanjava não fosse tão acolhedora. Era a convidada especial. Enquanto recebia uma xícara encardida e lascada, ouvia a história da curiosamente bizarra dupla.

Jamais ficaria claro, ou escuro, o grau de parentesco daquelas pessoas. Eram tão diferentes e, ao mesmo tempo, gêmeos.

O homem magro se intitulou de “Eu”. A mulher baixa logo lhe corrigiu, dizendo, com a cara mais fechada que uma prisão de segurança máxima, dizendo que o nome, na verdade, era: “Ele”.

Segundo Ele: Ambos nasceram ali naquela mesa encardida. Cresceram em anos de completa felicidade. Várias pessoas ilustres já tinham tomado de seu chá. Inesperadamente, o sujeito começou a citar nomes como Silvio Santos, Bill Gates, Julia Roberts e Mulher Jabuticaba. Ele falava e gargalhava incontrolavelmente. Para completar, terminou afirmando que eram ricos, lindos, mas tudo acabou quando foram roubados por um homem chamado “Coelho”, que tinha sotaque nordestino e um olho de cada cor.

Como uma bomba explodindo e deixando vários feridos, a mulher começou a chorar, soluçante. O homem se calou, serviu-se com o nada que havia no bule e voltou a observar, sonhador, a xícara velha e lascada...

CONTINUA...

"Alice no país do Pop" é um texto de minha autoria que estarei publicando aqui no blog. É um texto registrado em cartório, portanto, pense bem antes de copiar...

sábado, 11 de abril de 2009

CAP 6 - O Cara! (Alice No País do Pop®)

Lara Xita, a babá, enfim havia aparecido para tratar dos bebês de Cara, para o alívio de todos, os bichinhos virtuais haviam, apenas, tido uma crise de diarréia, mas logo estavam curados, todos piscando, felizes e sorridentes de um lado para o outro.

Assim que o mal entendido fora resolvido, Cara estava mais calmo e Alice aliviada por não ter que passar o resto da medíocre vida de gorda, raspando a cabeça de sua futura esposa tatuada.

A repórter tirou de sua imensa e espalhafatosa bolsa em formato de coelhinho, sua caderneta lilás com bolotas brancas. Era a hora da entrevista. Alice logo percebeu que não seria difícil entrevistar seu ídolo, mesmo porque, uma vez que Cara abria boca, era impossível fechá-la. Para seu azar, de cada cinco palavras que o sujeito falava, sete eram alto-elogios. Resumindo, Cara era um tremendo narcisista, e se orgulhava disso, mesmo sem saber o significado da palavra.

Sua vida não havia mudado muito nos dez anos de fim de banda, e ele nem parecia ter envelhecido, ou amadurecido, tão pouco.

Era um artista em processo. Tentou fazer novela, mas viu seu personagem morrer, ridiculamente, pisoteado por um bando de hippies, que protestavam contra a falta de ambição das cabritas nordestinas. É claro que Cara culpava os críticos, pois estes não entendiam a sua interpretação robótica, fruto de meses de treinamento em lojas de brinquedos especializadas.

Sua segunda aposta foi no ramo do entretenimento. Criou um programa, um reality show, no entanto, ninguém pareceu interessado num programa chamado “Me Olhe e me Inveje”, onde Cara seria observado, por 24 horas, e ganharia Um Milhão, no final.

Quando beirava a miséria, chegou a ser sondado para o Maravilhoso Mundo Mágico da Pornografia, porém, os atores bem dotados, lhe davam calafrios, e achava que nenhuma das atrizes eram merecedoras de seu “templo perfeito e cintilante”.
Essa também era a razão de nunca ter se casado. Cara era bom demais para qualquer uma!

Enquanto o narcisista falava sem parar, Alice não conseguia parar de pensar em uma coisa: “Se nenhuma mulher nunca havia conhecido seu templo perfeito e cintilante, Cara só podia ser... Virgem”.

Jurou para si mesma que controlaria a língua elétrica e nada perguntaria sobre isso, entretanto, logo mudaria de idéia, fazendo lágrimas nervosas brotarem nos olhos de Cara.

Ela achou aquilo tudo muito fofo. Jogou a bolsa de coelho para o lado. Jogou a caderneta de bolotas para o outro. E, por fim, seu corpo rechonchudo para cima... Para cima de Cara!

Por que sempre estava disposta a ajudar o próximo. Alice, acima de tudo, sabia ser muito prestativa!

CONTINUA...

"Alice no país do Pop" é um texto de minha autoria que estarei publicando aqui no blog. É um texto registrado em cartório, portanto, pense bem antes de copiar...