terça-feira, 31 de março de 2009

Capítulo 5 – Um Artista em Pânico! (Alice no País do Pop ®)


Nesse mesmo instante lembrou-se do que as detentas fazem com novatas na prisão. Não podia ser presa, pelo menos não por roubar um lenço de papel contaminado com vírus da gripe. Correu para a porta, outro alarme disparou. Seguiu para a janela, mais um alarme. Jurou nunca mais pegar nada de ninguém, mesmo que naquele exato momento estivesse tentada com uma toalhinha jogada atrás do sofá. Sentiu que alguém estava chegando.Jogou-se atrás do sofá, guardou a toalha suada e rezou para que na prisão, onde em breve estaria, não fosse lotada de presas com taras estranhas.

Tremia tanto, mas tremia tanto, que sentia o chão tremer também.
Podia ouvir a sirene da policia, parecia mais grossa que de costume, e lembrava algo como Laraxiiiiiiiiiiiiita! Ela estava aflita demais para pensar sobre isso.
Um homem com passos pesados entrou na sala. Um policial?

Com as mãos erguidas, olhos fechados e voz trêmula, Alice saiu de seu esconderijo, gritando para que, por favor não fosse presa, pois não se via casada com uma presidiária careca chamada Trabucão.

Quando abriu os olhos não conseguia entender o motivo de terem mudado o uniforme da polícia. Parecia um pijama de cor lilás. O suposto guarda tinha o rosto pintado de verde, seria camuflagem? Pelo menos as pantufas do Bob Esponja pareciam mais confortáveis.
Ela encarou o guarda, o guarda a encarou.
Viu a ficha cair. Era o Cara!

Sentia-se como Chapeuzinho Vermelho na frente do lobo, vestido de avó.
Onde estava o lindo sorriso? Que toca bizarra era aquela? Aquilo era outro sonho? Aquilo era um pesadelo?

O alarme soou outra vez. O ídolo empurrou a fã no sofá e saiu em busca de algo misterioso. Procurou no chão, no lixo e na boca de Alice, esta ele, estranhamente, chamava de Lara Xita.
Alice nada entendia, mas mantinha-se calada. O Cara, agora, estava em prantos. Chorava pela morte de seus oito filhos, e jurava demitir Alice, ou Lara Xita, pois esta era uma péssima babá.
Tomado por total descontrole, o artista ameaçou se jogar pela janela.

Tudo já tinha chegado ao seu limite. Alice agarrou o Cara pelo braço. Chacoalhou-lhe pelos ombros e lhe deu cinco bofetadas. Minutos depois ele estava bem mais calmo, acomodado no sofá, tomando chá com bolachas.

Toda aquela história de filhos era absurda. Qualquer fã sabia que Cara não tinha filho, muito menos oito. E quem era essa tal de Lara Xita?

Com a serenidade de um idoso oriental, Cara lhe contou tudo. Seus oito filhos, nada mais eram, que oito bichinhos virtuais, cada um de uma cor. Lara Xita era a babá incumbida de criar seus pequeninos de inteligência artificial, além ser sua babá desde os cinco anos.


CONTINUA...

"Alice no país do Pop" é um texto de minha autoria que estarei publicando aqui no blog. É um texto registrado em cartório, portanto, pense bem antes de copiar...

terça-feira, 3 de março de 2009

CAP 4 - Um mundo Perfeito? (Alice no País do Pop ®)



Aquela era a casa do Cara. Estava ali, estática, há aproximadamente meia hora. Sentia cãibra na perna esquerda, a direita estava dormente. Um filete de baba escorria do canto da boca, torta. Pessoas riam, outras apontavam. Uma velha senhora, gorda, corcunda e sem toda a arcada dentária superior, não conseguiu impedir que Perigoso, seu vira-lata magrelo, caolho, de rabo torto e orelha mordida, levantasse sua patinha manca para fazer seu xixizinho básico na perna de Alice.
Nem mesmo aquele líquido morno, esverdeado e um tanto quanto ácido, fez com que a repórter acordasse de seu transe. Ela estava em outra realidade, outra onda, outro mundo...

Entrava, saltitando levemente, até o interior da casa.

Luzes de gelatina, cheiro de chiclete de morango, pipocas coloridas explodiam. A sala era uma pista de dança. Coelhos dançarinos flutuavam ao som de uma música envolvente.
Era tudo lindo e ela sentia-se linda também.
De repente, uma fileira de espelhos surgiu em sua frente. Todos com formatos diferentes e aroma de hortelã. Cada espelho refletia uma nova Alice. Alice linda. Alice magra. Alta. Loira. Negra. Homem... Homem?
Seu “Eu” masculino era interessantíssimo. Tinha olhos expressivos e sorriso angelical. Ela já estava apaixonada. Apaixonada e confusa, afinal de contas estava amando seu próprio Eu! Aquilo era se amar? Seu reflexo masculino, aos poucos, ia se modificando. Ficava ainda mais perfeito. Sim ela se amava.
Alice já pensava no enxoval e nas doze daminhas de honra, quando o rapaz saiu do interior do espelho.
Estava cara a cara com “O Cara”!
Não tardou muito. Uma fanática enlouquecida e apaixonada como Alice não agüentaria nem mais um minuto. Ela pulou nos braços do cantor, tascando-lhe um demorado beijo babado.
Ele retribuiu animadíssimo. Num estante parecia que estava latindo de felicidade. Alice jamais havia reparado que seu ídolo era tão peludo, porém achou fofo o fato dele balançar o rabo, mesmo este sendo torto.
Uma bengalada no meio da testa fez a jovem sair do transe. Uma dúzia de pessoas deleitava-se com a visão. Alice, de quatro, beijava, apaixonada, o Perigoso.
Envergonhada, descontrolada e, até mesmo, um pouco assanhada, Alice correu em direção a casa, onde entrou batendo a porta.

Não tinha coelhos, pipocas ou gatões saindo de espelhos, mas também não era muito normal.
Todas as paredes eram estampadas com fotos do antigo cantor. Alice tudo fotografava, tudo tocava, tudo queria. Não havia sinal de Cara estar no recinto.
Todo sonho de uma fã estava acontecendo e seu coração lutava para sair do peito e pular por aquele chão brilhante. Precisava de uma recordação, mas ia se segurar para não pedir uma cueca de seu ídolo, afinal de contas era uma repórter séria e estava ali, exclusivamente, a trabalho. É claro que nem ela mesma acreditava neste pensamento, tanto que, logo esqueceu de tudo, ao avistar a lixeirinha do Cara. Com água na boca, olho arregalado e uma curiosidade diabólica, Alice jogou-se no objeto, onde quase entrou de cabeça. Co sorte poderia achar um chiclete mastigado, que guardaria com todo carinho. Só havia lenço de papel! Pelo jeito o cara mais perfeito do universo estava resfriado. Alice já tinha enfiado o lenço no bolso, quando o alarme disparou. Seria presa?

CONTINUA...

"Alice no país do Pop" é um texto de minha autoria que estarei publicando aqui no blog. É um texto registrado em cartório, portanto, pense bem antes de copiar...